MEIO SÉCULO DE REPÓRTER A SERVIÇO DO INTERESSE PÚBLICO

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Completo na virada deste ano para 2024, 50 anos de jornalismo, sempre atuando no front, na linha de tiro. Aliás, repórter é igual paraquedista: salta sem saber onde vai cair.

Imagina um leigo em línguas em meio a diplomatas ou numa videoconferência internacional promovida pela Embratel em Brasília nos anos 80?

Embora a polivalência do ofício, a remuneração de repórter sempre foi baixa, para uma carga horária de cinco horas, mas nunca fica neste limite.

Sempre me preocupe mais com a qualidade do que vou informar ao público do que com a hora de ir para casa.

Virei um repórter full-time, de tempo integral. Não necessariamente na redação, porque notícia não sobe escada e nem anda de elevador. Lugar de repórter é na rua.

A questão é que as empresas, para não pagarem hora extras, obrigavam o ponto na entrada e saída após as 5h de trabalho, que é a carga horária da categoria.

Um absurdo esta padronização da carga horária para não se pagar horas extras, porque tem notícia que demanda mais tempo de apuração e, na correria, sai malfeita.

Claro que tem nas redações muitos profissionais indolentes, mas tem os bons de serviço também.

Falo dos que não se importam se terão ou não mais trabalho na apuração e dos burocratas que apenas leem, ouvem e escrevem sem qualquer questionamento.

Não basta ao repórter ter apenas capacidade cognitiva para coordenar ideias e elaborar textos sem solecismos, concisos, de fácil entendimento e um rico vocabulário.

É preciso ter discernimento, coragem, bater de frente com os relatos oficiais, quando necessário, para o exercício do que chamo de “jornalismo de conflito”.

O principal fundamento para este tipo de apuração paralela é correr por fora e ouvir pessoas sem a mesma coerção utilizada na polícia judiciária, por exemplo.

Até porque jornalista não interroga, entrevista. Ele não presta serviço para a justiça, e sim para a opinião pública, e não visa a acusação, mas a busca do contraditório.

O segredo do bom jornalismo está na montagem de uma boa rede de informantes em todas as áreas do poder, para se obter o antídoto.

Ou seja, se o personagem da notícia é um político – e o fato a ser apurado é controverso, o repórter tem que ter informantes entre seus adversários para obter elementos probatórios do que vai escrever sem a influência da “verdade absoluta” que sempre sai da boca de quem está sendo objeto da polêmica.

Em resumo, a nossa missão é bisbilhotar à exaustão todo e qualquer fato controverso de interesse público, sem a necessidade de fazer o chamado “jornalismo de dossiê” (vide Lava Jato e etc),.

Esta forma de trabalho se baseia na montagem de informações de fonte única para a execração da outra parte. É preciso saber fugir deste tipo de manipulação.

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