ENFIM, TEREMOS O PARQUE LINEAR NA DIVISA DE NOVA LIMA COM BELO HORIZONTE. MAS E O SONHADO PROJETO DE MOBILIDADE URBANA NO LOCAL, COMO SERÁ REALIZADO?
Os prefeitos de Nova Lima João Marcelo Dieguez e Fuad Norman, de Belo Horizonte, têm 180 dias para apresentarem um projeto conjunto de utilização do Parque Linear que, pelo acordo assinado na terça-feira, será mesmo criado na divisa das duas cidades, onde fica o trecho ferroviário entre os bairros Vila da Serra e Belvedere.
A criação deste parque se arrasta há vários anos. São 5 km de extensão. Conforme o projeto o parque vai contar com várias praças conectando a área urbana a uma Mata Atlântica com várias nascentes no pé da Serra do Curral. Algo em torno de 700 mil metros quadrados de áreas preservadas.
Uma maravilha isso. A pergunta que se faz é a seguinte: como será a utilização deste espaço para a tão sonhada mobilidade urbana que a prefeitura de Nova Lima pretende implantar no local para facilitar o trânsito de pessoas da cidade para a capital. Hoje a situação está complicada na região.
Exemplo: a concessionária Via Ouro, que faz o transporte coletivo municipal de Nova Lima, não pode embarcar ou desembarcar passageiros de suas linhas que passam pela região do BH Shopping, ou seja, no território de Belo Horizonte. Logo, as pessoas são obrigadas a serem despejadas no Vila da Serra.
Dali até o Belvedere elas têm que ir a pé em meio ao trânsito muito intenso na MG-030. O que pretende, afinal, fazer o prefeito João Marcelo Dieguez para solucionar este problema? O superintendente da Secretaria de Gestão e Patrimônio da União (SPU) em Minas, Lorhany Ramos de Almeida, deu seis meses para ele e Fuad decidirem sobre isso.
Aliás, a União pretendia vender o trecho ferroviário para pagar dividas trabalhistas da Rede Ferroviária Federal, isso em 2012/13, como relata o ex-secretário de Planejamento de Nova Lima da época, Gabriel Gobbi. Ele esteve na reunião do conselho da SPU e alertou sobre o projeto que as prefeituras das duas cidades vizinhas tinham para o local.
Havia inclusive um projeto do prefeito de BH Márcio Lacerda de levar o metrô até o BH Shopping, com utilização do trecho ferroviário, conforme tratativa feita com o prefeito de Nova Lima Cássio Magnani Junior. Eles chegaram a se sentar para discutir este projeto que não foi adiante.
Ou seja, se o terreno fosse vendido para a iniciativa privada, os futuros donos teriam problemas com os prefeitos de BH e Nova Lima que queriam o trecho para resolver problemas de transporte de massa e também para a utilização do mesmo para áreas de lazer e de preservação ambiental, etc. Enfim, o problema iria parar na justiça.
Os argumentos do secretário foram acatados e o imóvel não foi vendido. Mas aí começou um verdadeiro cabo de guerra entre moradores do Belvedere, que queria a área para lazer, e a prefeitura de Nova Lima que precisa do terreno para fazer uma conexão do transporte público na divisa das duas cidades.
Criou-se um grupo de trabalho para isso, mas a corda esticou ainda mais. Até que, pelo visto, chegaram a um acordo terça-feira para que as duas prefeituras façam uso daquele trecho conforme as suas conveniências e os critérios estabelecidos pela União.
Mas essa disputa ainda está longe de um consenso. A Associação dos Amigos do Belvedere e a Associação dos Moradores do Belvedere e o Movimento Parque Linear dizem que não foram comunicados. Souberam do acordo por outros meios, etc. O barulho continua. São 20 anos de impasse. Vamos ver o que vai acontecer.
O procurador-geral do Ministério Público de MG, Jarbas Soares Júnior, que mora na região, garante que o acordo vai permitir obras de mobilidade urbana que vão melhorar a vida dos moradores das duas cidades. Já o parque, vai resolver o problema que, hoje, os moradores do bairro têm que ficar disputando a rua com os carros para poder fazer o seu lazer, suas caminhadas.
Resumindo: o parque vai atender a gregos e troianos. Bom, é o que esperamos!