O GRUPO DE THIAGO ALMEIDA NÃO ABDICOU DE FISCALIZAR O EXECUTIVO NESTE MANDATO. APENAS DEIXOU A LUPA DE STAND-BY
Numa conta de padaria sobre os oito vereadores reeleitos em Nova Lima em outubro, anotamos que quatro tiveram mais votos agora do que em 2020 e os outros quatro perderam votos. Um 4×4 a merecer uma boa reflexão sobre o pleito e a futura legislatura.
Melhoraram o escore quantitativamente, em relação ao pleito anterior, pela ordem, Thiago Almeida (PSD), que quase triplicou a sua votação; Danúbio (PRD), Silvânio Aguiar (PSD) e Álvaro Azevedo (Avante). Metade do grupo de Thiago Almeida e a outra do prefeito João Marcelo Dieguez (Cidadania).
Perderam votos em relação ao pleito anterior, também pela ordem, Claudinho Vale (PP),Viviane Matos (União Brasil), Anisinho (Cidadania) e Zelino (Solidariedade). Todos do grupo de Thiaguinho, porém reeleitos. Em termos de grupo, 6×2 para o do presidente da Câmara.
O que mais perdeu votos foi Claudinho (521) e o que mais ganhou foi Thiago Almeida (1.659). Importante anotar que estamos falando apenas dos que foram reeleitos. Ou seja, que já eram vereadores. Creio que dos sete novatos, Thiago Almeida puxa mais uns três a quatro. Deve chegar a 10.
O que isso significa? Significa que o grupo de Thiago Almeida deve continuar no comando da Mesa Diretora a partir do dia primeiro de janeiro, porque tem a maioria dos votos. Não são bois marcados. Até porque política é um jogo de interesse, onde o prefeito sempre tem mais poder de barganha.
Ocorre que não é bom para João Marcelo um litígio com Thiago Almeida. O uso da máquina administrativa para tentar ganhar a Mesa Diretora de qualquer jeito é uma faca de dois gumes: se o prefeito vencer, terá pela frente uma oposição sistemática e altos riscos no julgamento de suas contas, por exemplo.
E se perder nestas circunstâncias, haverá sequelas graves, com certeza!
O momento, portanto, é de avaliação do custo benefício de uma eventual fratura exposta. O melhor para João Marcelo é deixar que os vereadores tomem as suas decisões, sem interferência fisiológica da máquina administrativa.
João Marcelo e Thiago Almeida são hoje os principais líderes políticos do município. E há entre eles uma inegável convergência de interesses políticos. O prefeito vai precisar da Câmara e Thiago do Executivo, porque são forças coexistentes dentro do processo democrático.
Eles fizeram bem este dueto até aqui e lucraram: o prefeito não teve dificuldades em aprovar seus projetos na Câmara e o Poder Legislativo viu projetos de lei importantes sendo sancionados pelo Executivo. E a fiscalização do prefeito, como ficou? Eu diria, de stand-by!
Qual seja: o grupo de Thiago Almeida não abdicou de fiscalizar o Executivo, mas apenas a manteve de reserva. Por isso acho que as coisas devem mudar um pouco na próxima legislatura, porque virá pela frente a sucessão de João Marcelo e, com ela, todo aquele movimento político para saber quais serão os candidatos que participarão desta competição.
Aposto todas as minhas fichas em Thiago Almeida, pelo tudo que ele fez até agora. E pode ainda fazer muito mais, pela liderança e a habilidade política demonstrada para cooptar apoio em meio a divergências e turbulências partidárias, através do diálogo e da boa convivência. O trunfo dos moderados.
Thiago foi a grata surpresa da eleição de 2020, surgindo como uma força jovem e nova na cidade. Triplicou o seu escore nas urnas em 2024 e se credencia para ser o primeiro nome na lista imaginária dos que disputarão a sucessão de JM em 2028. Isso é um fato incontroverso.
Thiaguinho vem fazendo uma administração austera na Câmara, para qual foi eleito presidente com nove meses de antecedência. Ele acabou com a famigerada verba indenizatória, reduziu cargos e salários de comissionados e transferiu para os concursados a coordenação da parte administrativa.
Em consequência disso, tirou os vereadores da alça de mira das retóricas de campanha nesta eleição, fazendo com que os eleitores elegessem 80% dos vereadores. O mais alto percentual de reeleição da história recente do Poder Legislativo.