OS VEREADORES DE NOVA LIMA VÃO ACABAR TENDO TORCICOLOS

A primeira sessão plenária desta legislatura deixou uma boa impressão, mas incomodou o público ver o congestionamento do plenário com uns de costas para os outros, por falta de espaço. Foto/AN
Acompanhei nesta terça-feira, 11/2, a primeira sessão plenária da Câmara Municipal de Nova Lima na atual legislatura e gostei. Os vereadores foram concisos em suas intervenções e sem atropelos regimentais.
O único problema que vi foi o congestionamento do plenário pela falta de espaço. Quatro deles ficaram de costas para seus pares acomodados nas duas bancadas levemente inclinadas para a direção da Mesa Diretora.
Acho que se estas bancadas fossem do tipo “lua minguante”, com curvaturas suficientes para o seu alongamento, poder-se-ia colocar todos em um mesmo ângulo.
Do jeito que está, com um de costas para o outro, os quatro do centro terão torcicolos, com certeza. Imagina réplicas e tréplicas acaloradas entre o que está sentado à frente com o detrás?
Acredito, no entanto, que isso será resolvido da melhor maneira possível. Nada que a geometria e um bom marceneiro não possam resolver.
Por falar em marceneiro, o martelo desta primeira reunião ordinária do ano socou muito na questão dos moradores de rua, ou em situação de rua (desnecessário o eufemismo, mas o moralmente correto é este).
Desde o ano passado que o vereador Anísio Clemente Filho, o Anisinho, vem insistindo com este assunto. É um problema recorrente em todas as cidades, mas em Nova Lima isso não é comum. Nunca foi.
Sempre tem um ou outro grupinho de pessoas perambulando a esmo nas ruas de todas as cidades de médio porte, normalmente são alcoólatras, viciados em drogas, pedintes, enfim, elementos vulneráveis e rejeitados pela sociedade.
Ninguém gosta de ver cenas assim. Uns apiedam-se e outros, se deixar, atiram-lhes pedras. A questão é que a vadiagem é vizinha da bandidagem. Este é o problema. A prefeitura tem uma política de assistência social muito boa e acolhedora, porém estática.
Um vídeo mostrando o prefeito de Blumenau (SC) implorando aos moradores de rua para que eles deem um jeito nas suas vidas –ou vão para os abrigos e casas de acolhimentos ou cacem trabalho –viralisou na Internet.
Os vereadores querem que esta politica de corpo a corpo da prefeitura ocorra aqui, até poque o município é dotado de recursos financeiros e estruturais suficientes para tirar este pessoal da rua.
O problema envolve não apenas a Secretaria de Assistência Social, como também a de Segurança Pública e a Defesa Civil.
Resta saber é quem vai pegar no chifre desta encrenca e fazer o que vem fazendo a prefeitura de Blumenau.
Lá eles criaram uma estrutura de “cerca Lourenço”. Ou seja: vão com tudo para cima dos elementos –polícia, assistente social, “reboque”, argumentos paternais e moralistas, enfim, encurralam os caras.
O troço é tão enfático e prático que, mesmo no “vai ou racha”, não fere os direitos humanos. Pelo contrário: desumano seria deixar esta galera sem opção. Ignorá-los, já que lugar para onde ir têm, mas não querem ir.
E a população que se dane!
Com a palavra, os vereadores. Até porque o prefeito João Marcelo Dieguez não vai querer plagiar o seu colega de Blumenau. O que fará, com certeza, é botar os recursos à disposição da Câmara.
Constitui-se na Casa Legislativa uma comissão mista para tratar do assunto e vai com polícia, ambulância, Defesa Civil e assistentes sociais para a rua e faz a varredura, depois limpa o local com jatos d’água.
Aos que aceitarem ajuda, comida, banho e um bom trato –inclusive trabalho com dignidade, carinho. Aos que afrontarem as autoridades, o rigor da lei.