O MAIOR CONFLITO VIÁRIO DA ZONA SUL DE BH COMEÇOU DE UM ERRO NO BELVEDERE
A divisa de Nova Lima com BH, uma das áreas mais valorizadas do Estado, vive momentos de tensão por questões de mobilidade e disputa que inclui desigualdade na cobrança do IPTU e espaços fronteiriços. Foto/Divulgação
Muita gente não entende porque o bairro Belvedere (o mais rico de BH), com suas ruas largas e vistas para a Serra do Curral, cresceu desordenado, bloqueando o trânsito e a circulação de carros no acesso ao centro de Belo Horizonte.
O bairro teve o seu boom imobiliário na década de 1980, como uma opção de moradia unifamiliar, de plantas baixas, tendo o BH Shopping como o seu centro comercial. Ocorre que o então prefeito Sérgio Ferrara (1986-1990), pressionado pelo mercado imobiliário, autorizou a construção de espigões naquela região.
Fiz, à época, uma longa entrevista com Ferrara a este respeito numa visita dele ao Congresso Nacional onde foi tratar de assuntos de interesse de Belo Horizonte. O prefeito estava de nariz torcido com o jornal Estado de Minas por conta das denúncias envolvendo a polêmica retirada dos aguapés da Lagoa da Pampulha.
Este, o motivo de nossa conversa. Ele refutava a denúncia de minha autoria e pretendia ajuizar uma ação contra o jornal. Ocorre que a conversa mudou de assunto, tendo como mote a construção de prédios comerciais altos no Belvedere. Pouco se falou do impacto deste adensamento no trânsito local.
Veio a virada do século, a expansão do BH Shopping em 2007, com apoio escancarado do ex-prefeito Fernando Pimentel (2001-2009), sem qualquer contrapartida para o trânsito local. São quase quatro mil vagas de garagens, com acessos pela BR-356 e a MG-030.
De quebra, veio também o aumento de veículos vindos de Nova Lima, onde começou a surgir em meados de 2000 os espigões no Vila da Serra, porém com um novo formato urbanístico: nada de porta de aço no piso. Comércio apenas na antiga Seis Pista, atual avenida Oscar Niemeyer.
Foi uma decisão tão radical dos empreendedores, de modo a inviabilizar qualquer estabelecimento em seu miolo. O Instituto Izabela Hendrix, por exemplo, fez um comodato de um terreno da Prefeitura de Nova Lima para construir uma universidade no local e após alguns anos fechou a instituição pela dificuldade de acesso dos alunos ao local por falta principalmente de transporte público no bairro.
No mesmo modelo construtivo surgiram o Vale do Sereno, o Jardim da Torre e outros bairros sem comércio, bem na encosta da Serra do Curral. Estes bairros de alto luxo, com seus resorts de até cinco vagas por apartamento na garagem, abrigam hoje mais de 20 mil moradores, contra os 7 mil do Belvedere.
Os prédios comerciais da Zona Norte de Nova Lima ficam restritos à Oscar Niemeyer e à margem da MG-030. Ou seja, nada de comércio em sua área residencial. Este é o segredo do seu sucesso daquela região, que tem hoje um dos metros quadrados mais caros do País. O problema é sair de carro para Belo Horizonte, devido ao trânsito caótico do confuso Belvedere.
Amanhã, 30/4, teremos em BH a 2ª Consulta Pública para tratar do Parque Linear da linha férrea a ser realizada a partir das 19h no auditório do Centro de Educação Integral (CEI Imaculada Conceição), na rua Aimorés, Funcionários, com transmitida pelo canal do YouTube da Agência RMBH. A Prefeitura de Nova Lima defende a construção de um Parque-Avenida para a transposição viária do Vila da Serra para a BR-356, mas boa parte dos moradores do Belvedere quer apenas o Parque.
(*) página atualizada dia 29/42025, às 17h20m
