A “GUERRA FRIA” NA FRONTEIRA DE NOVA LIMA COM BH COMEÇOU NA DÉCADA DE 2010
A divisa de Nova Lima com BH, uma das áreas mais valorizadas do Estado, vive momentos de tensão por questões de mobilidade e disputa que inclui desigualdade na cobrança do IPTU e espaços fronteiriços. Foto/Divulgação
Não existe problema sem solução quando as pessoas querem fazer as coisas acontecerem dentro da lei. Política é exatamente isso: a junção da vontade de quem detém o poder com a visão holística do bem comum. Quando isso não acontece, a pólvora aparece.
Pode uma concessionaria do transporte público urbano embarcar ou desembarcar passageiros em território de outro município? Não! Portanto, com esta jurisprudência, a Via Ouro, que faz a linha Nova Lima-Jardim Canadá/Alphaville/Água Limpa, via Belvedere, em BH, foi impedida faz tempos de parar nos pontos do BH-Shopping e em outros no curso da BR-356, na fronteira com a capital.
Uma pena isso, porque desde o ano passado que o transporte coletivo urbano do município tem tarifa única de R$ 2,00. Com este valor, o passageiro de Nova Lima poderia ir até o Belvedere, seja para trabalhar ou para outras finalidades, e dali seguir para os demais bairros de BH, enfim, tomar o seu destino.
Mas, não! Não pode, por exemplo, o passageiro pegar a Via Ouro na MG-030, hoje uma avenida adensada por edifícios residenciais, comerciais e de condomínios, para ir até o Belvedere ou do lado sentido RJ/Anel Rodoviário da BR-356. O último ponto de desembarque destas linhas urbanas na Zona Norte de Nova Lima fica no Vila da Serra.
A primeira parada seguinte já é na BR-040, quando recomeça o território nova-limense, após o Leroy Merlin. Ou seja, no meio do nada. Se o passageiro quiser desembarcar no ponto do BH Shopping, ele tem que pegar os ônibus da Saritur que fazem a linha NL-BH (3832), ao preço de R$ 9,55. Se optar pelo Executivo, são R$ 12,25.
Não é justo pagar R$ 10,00 a mais para o morador de Nova Lima ter que desembarcar no Belvedere. Logo, ele pega a Via Ouro e com apenas R$ 2,00 desembarca no Vila da Serra e vai a pé, sob chuva ou sol — e em meios ao trânsito caótico da região — romper a fronteira com BH e chegar ao Belvedere. Tem que haver uma solução inteligente para resolver este problema.
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Esta briga na fronteira está criando um problema diplomático entre Nova Lima e BH. Não apenas este do transporte público, mas o das obras de desobstrução do gargalo do Belvedere, o da Linha Férrea, que é de alta importância para a mobilidade entre os dois municípios, e até na cobrança do IPTU.
O IPTU em Nova Lima é mais em conta do que o de BH, daí o motivo pelo qual os empreendedores do mercado imobiliário preferem investir na Zona Norte de Nova Lima do que no Portal Sul de BH. O Belvedere tem hoje a metade da população do Vila da Serra e Vale do Sereno.
Voltando a esta questão dos ônibus, é bom ressaltar que desde a gestão do presidente Nélio Aurélio na Câmara de Nova Lima, no início da década de 2010, que ele e o ex-vereador Flávio de Almeida iniciaram este “cessar fogo” na divisa com BH. Eles já previam retaliações contra os moradores de Nova Lima devido ao avanço do mercado imobiliário no Norte do município.
O processo que tramita na justiça nesta briga do transporte público na fronteira dos dois municípios tem a digital de vários vereadores na busca de uma solução para o problema. Sou testemunha disso. O dono da Saritur, Rubens Lessa, é presidente do Setransp. E seu irmão, Rubens, do Setra-BH. Conheço-os. São duros na queda.
A Saritur ganhou a concessão da linha Nova Lima-BH, sem licitação. Aproveitou da “quebradeira” da Expresso Novalimense e caiu pra dentro. Cabe agora ao presidente da Câmara, Thiago Almeida, juntar os marimbondos para cobrar do prefeito João Marcelo uma posição mais firme do Executivo nesta questão.
Quer diálogo, vamos dialogar. Não quer conversa, então vamos para a guerra. Vale ressaltar que basta à Saritur estabelecer um ponto de Ônibus da Via Ouro, fora dos já existentes na região do Belvedre, exclusivo para passageiros da Via Ouro e acaba a briga.
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