O SUS É MUITO BOM PARA QUEM TEM PLANO DE SAÚDE.

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Sei que muitas pessoas discordarão deste meu posicionamento a respeito do Sistema Único de Saúde (SUS). O melhor do mundo em pronto-atendimento e a gratuidade. Mas, em termos de prevenção, principalmente, é muito ruim. Salvo em algumas situações. Aliás, o seu Programa de Saúde da Família (PSF) é espetacular em atendimento à comunidade.

Meu testemunho a respeito do SUS é feito com base em experiências pessoais e profissionais, na qualidade de paciente/repórter. Sempre tive plano de saúde –e dos bons –, seja corporativo (quando estava ativo na grande imprensa) ou mesmo pagando particularmente.

Após a aposentadoria, em 2004, oscilei entre o SUS e alguns planos de saúde que, com o tempo (e a idade) tornaram-se inviáveis pela coparticipação. Cheguei a pagar mais de R$ 2 mil em um deles. Decidi virar paciente SUS, já na sua melhor fase, com a criação das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e o Pronto Atendimento (PA).

A experiência que tive no sistema foi de oito ou oitenta. No PA em Belo Horizonte, era uma tragédia. Tempo de espera de até cinco horas. O que me empurrava novamente para algum plano de saúde. Porém, desde que passei a morar em Nova Lima e depois Brumadinho, na divisa dos dois municípios, o atendimento no PA e no PSF é da melhor qualidade.

O problema é a prevenção. Marcar especialistas e exames de média e alta complexidade é simplesmente uma tragédia. Vou dar três exemplos que servem de elementos probatórios deste meu relato: 1- custei, mas consegui para meses depois uma cirurgia de catarata. Primeiro, no olho esquerdo. O procedimento foi realizado em 23 de março de 2024, no Centro Médico de Brumadinho, colado à UPA.

Mandaram aguardar comunicação do PSF do bairro mais próximo do meu sítio, no Distrito de Paraopeba, para fazer a do olho direito. Até hoje o segundo procedimento não foi realizado.  Ou seja, um ano e três meses após o primeiro. Fiquei sem poder renovar a CNH, que venceu em julho de 2025. Reclamei e a resposta foi a mesma de sempre: “não recebemos nada por enquanto”.

2- tive este ano algumas crises hipertensivas, com atendimento de urgência –ora na UPA da minha região, ora na do Jardim Canadá que, por sinal, é a melhor de toda que frequentei até hoje. Uma estrutura simplesmente espetacular. Tanto no tempo de espera quanto no atendimento.

Em ambas, pediam que eu fizesse acompanhamento com cardiologista. Meu cardiologista há quase 40 anos é o Dr. Francisco Resende, um dos melhores de Belo Horizonte. O problema no Brasil não é o preço cobrado pelo médico. É o alto custo da bateria de exames de imagens e etc. Logo, eu teria que caçar um cardiologista do SUS e foi o que fiz.

O PSF agendou um para dois meses adiante, no Centro Médico de Brumadinho. Entrei em seu consultório animado. Enfim, era necessário investigar a causa da crise hipertensiva periódica. Pelos muitos eletrocardiogramas que fiz não havia nada de errado com o coração, mas somente um especialista poderia fechar o diagnóstico.

Confesso que foi a consulta mais rápida e inútil que tive na minha vida. Dr. Vinícius (era o seu nome) me perguntou o que estava acontecendo. Relatei o que, imagino, estava na tela de seu computador, porque o sistema é integrado. Ele se levantou e fez a mediação da pressão: 13×8. “Ótimo”, ele disse, “vamos manter a medicação?!”. E fui dispensado.

Nenhuma receita ou pedido de exames. Uma anamnésia rápida, tipo daquelas perguntas preguiçosas feitas por repórteres indolentes e incompetentes, sem qualquer compromisso com o assunto. Deixei o local simplesmente decepcionado. Arrumei outro plano de saúde meia-boca e somente vou ao SUS no caso de urgência.

Para finalizar, vai a terceira experiência mal sucedida com o SUS, anterior a estas duas:  andei perdendo sangue nas fezes, isso há dois ou três anos. Como perdi três irmãos com câncer, procurei a UPA de Brumadinho, onde fui internado de urgência. Foi prescrita uma colonoscopia. No dia seguinte, os meus filhos questionaram o médico porque não havia sido feita a colonoscopia. Resposta dele: “tem que aguardar, não temos data; tem que ficar internado até conseguir vaga”.

Fui retirado hospital na hora e levado para uma clínica em Belo Horizonte onde o exame foi realizado no dia seguinte.

Por essas e outras razões, considero relevante a denúncia feita pelo vereador de Nova Lima, Adilson Taioba, nesta terça-feira, 24, contra o “mau atendimento” que ele diz ter tido no Hospital Nossa Senhora de Lourdes, por ocasião de um infarto.

O hospital pertence à Fundação Hospital N.S.de Lourdes, da Mitra Metropolitana, e é cem por cento SUS. Atende pacientes de toda a região. Não tem fins lucrativos e sobrevive de subsídios da prefeitura e de doações. A receita anual é de mais de R$ 60 milhões, segundo o vereador.

Pergunto: culpa de quem? Dos gestores, do sistema, da demanda ou de maus profissionais da saúde? Todos sabem que o SUS paga muito mal. Mas, seria este o caso? Os planos de saúde também pagam mal e têm alguns atendimentos que são piores ainda.

Neste caso específico, cabe à Câmara investigar direito o que ocorreu. Não acredito que Adilson Tabioba está reclamando porque exigia um atendimento diferenciado, por se tratar de um vereador. Conheço-o faz tempos e é uma pessoa séria. Fez um trabalho extraordinário à frente da Associação dos Servidores Públicos Municipais de Nova Lima.

É um excelente vereador e suas denúncias precisam de ser levadas a sério.

 

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