OU ZEMA ESTÁ “FECHADO” COM ESTE ESQUEMA DE VENDA COM TROCO DA COPASA OU É MAL INFORMADO
ETA do Bela Fama inaugurada em 1973 em Nova Lima abastece a metade dos consumidores de Belo Horizonte e região e é a maior do Estado, construída em terreno da prefeitura. Foto/COPASA
Sou peremptoriamente contra a privatização da COPASA. A água não pode ser vista como um produto que gera lucro, diferentemente dos recursos hídricos que produzem energia e movem a economia do mundo.
Água é um alimento único, insubstituível, só ela mata a sede. Serve ainda para higienizar e de composto de custo zero para vários produtos. Logo, não pode a sua captação e tratamento visar lucro. Até porque o preço de seu consumo é o mesmo para pobres e ricos.
Vender a COPASA, com quer o governador Romeu Zema, para a companhia ser explorada e botar os donos na capa da FORBES, é um crime. Ninguém vive sem água e nem deixa de pagar a conta, porque a inadimplência leva ao corte do fornecimento.
O tratamento é o mesmo da energia elétrica, com a diferença de que sem água não há vida. Já sem eletricidade o mundo sobreviveu milhões de anos. Se deixar o governador dois dias sem água ele muda de ideia, com certeza.
Dar à água o tratamento de um produto lucrativo e de grande valor de mercado — sem ela, como já disse, não há vida– é desumano. É como cobrar pelo ar que respiramos. Aliás, não está longe disso acontecer.
O Brasil tem a maior reserva de água doce do mundo. Moro em um sítio a 300 metros da maior cachoeira da região, na zona rural de Brumadinho, divisa com Nova Lima.
A água jorra farta na propriedade. Não preciso da COPASA. Ela abastece a piscina 24h, sai pelo ladrão e volta para o córrego cristalino de um chuá gostoso, algo simplesmente e extraordinário.
Mas este é um privilégio de poucos. A maioria esmagadora da população, independentemente de classe social, recebe o produto das companhias saneadoras, como, como é o caso da COPASA em MG.
A sua captação, tratamento e canalização tem um custo e é justo pagar por isso, mas faz décadas que estas companhias deixaram de ser um bem público para se transformar em empresas que visam lucro.
A COPASA já é 49% privada. Visa lucro e, pior rouba do consumidor. Cobra o dobro da conta pelo serviço de esgotamento sanitário mesmo que este serviço não exista. Em Nova Lima, por exemplo, praticamente não existe esgoto canalizado.
São fossas. Mas a companhia cobra o esgoto. Absurdo isso. Pior: a água é captada pela Estação de Tratamento do Bela Fama, na região Nordeste da cidade. A ETA foi inaugurada em 1973 em terreno doado ao Estado pela prefeitura.
Desta ETA sai a água que abastece praticamente a metade dos consumidores de Bele Horizonte e região, sem nenhuma contrapartida para Nova Lima.É outro absurdo, porque não e existe o royalties da água, como ocorre com o minério e o petróleo.
O argumento é de que a água é um bem público essencial à vida. Ora, se é um bem público pertence ao povo que não pode, pela mesma forma, pagar um preço que vai muito além de seu custo operacional
Entendo que a Câmara dos vereadores deve se opor, sistematicamente, contra a privatização da COPASA. Aliás, o vereador Silvano Aguiar já sinalizou que é contra à venda da companhia pelo Estado.
Anos atrás os acionistas da COPASA se propuseram comprar a preço de banana todo o serviço subterrâneo de escoamento do esgoto feito pela prefeitura para assumir o serviço na cidade hoje com mais de 120 mil habitantes.
Era um negócio da China, porque no dia seguinte à compra a companhia já ficava com as contas, cobrando assim adiantado por um serviço a ser prestado Deus sabe quando e como.
Houve mobilização na Câmara e o negócio não prosperou. Em retaliação, a COPASA “abandonou” Nova Lima. Não dá manutenção em suas adutoras, que vivem dando problema, deixando parte da população sem água.
Há ainda denúncias de contaminação de nascentes que deságuam no rio das Velhas feitas pelo Movimento “Fechos, eu cuido!” na região do Jardim Canadá, denúncias estas que publicamos à exaustão neste site e nas nossas redes sociais, mas o problema continua.
A impressão que fica é de uma piora dos serviços para, no futuro, a COPASA comprar por uma mixaria a fortuna gasta pela prefeitura para remediar a situação e ficar com todas as contas pra ela na cidade. Coisa de bandidos.
Esta é a intenção dos investidores da companhia. E mesmo assim o governador quer vender a parte do Estado para os empresário. Ou Zema é “fechado” com este esquema ou é muito mal informado.
Fico com a primeira hipótese.
