A MIOPIA CONVENIENTE DOS QUE ATRAVANCAM O PROGRESSO DE NOVA LIMA NA CÂMARA
O presidente da Câmara Thiago Almeida durante entrevista ao repórter Fred Sarti sobre a decisão de convocar uma audiência Pública para dirimir as eventuais dúvidas sobre o novo projeto imobiliário no centro da cidade. Foto/Reprodução
É profilática, embora considere desnecessária, a decisão do presidente da Câmara de Nova Lima Thiago Almeida (PSD) de colocar em stand by o projeto do empreendimento imobiliário previsto para a área do antigo Pátio Industrial da extinta Morro Velho, no centro da cidade, para o plenário ouvir antes da votação os responsáveis pela obra. Isso lembra a redundância do Raio X antes da cirurgia ortopédica de imagem já conhecida. Atrasa o tratamento, mas disseca a polêmica.
É algo redundante, já que o diagnóstico e a necessidade do procedimento já são do conhecimento prévio de todos os 15 vereadores. O caso já foi analisado faz tempos. A sua execução é protocolar, sob pena de relegar a sede histórica da cidade ao atraso em que se encontra. O problema está na miopia conveniente de quem não quer enxergar a realidade dos fatos.
Aliás, enxergar, enxerga, mas quer palanque. São os óbices da velha política de tirar vantagem em tudo. Então, que o tenha, mas em um papo reto com os responsáveis pelo projeto para dar voz a argumentos robustos de ambos os lados. Sem proselitismo raso.
Esta Operação Unificada Consorciada Unificada (OUC), envolvendo a AngloGold Ashanti, a construtora Concreto e a Prefeitura – e que resultou neste projeto imobiliário multifuncional (residencial, comercial, cultural e educacional) –, une o interesse comercial com a visão holística de tentar salvar o progresso da sede.
A população local –os varejistas, principalmente –vem sofrendo há anos com o abandono do Centro, em detrimento dos investimentos imobiliário da Zona Norte que “engoliu” tudo de bom no conceito comercial e qualidade de vida, deixando as vísceras do que restou do ciclo do ouro para a área nativa da cidade.
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Costumo dizer que ninguém de fora passa pela sede da cidade hoje em dia. Apenas o Rio das Velhas serpenteia a Nova Lima antiga e se manda. A sede não é um caminho de passagem. É um bate-volta, sem atrativos, centros comerciais e residenciais modernos. São os mesmos de sempre, em. meio a um trânsito caótico e acomodações apertadas, sem espaço para nada.
Não tem a “Cidade Velha” uma urbanização histórica colonial massiva ao ponto de sobreviver deste passado, como ocorre nos municípios históricos de Minas (as Ouro Preto da vida), mesmo sendo Nova Lima pungente em história para contar, mas pouco o que mostrar, salvo algumas construções preservadas: as igrejas do Pilar e do Rosário; a Casa Aristides, o imponente Teatro Municipal, os ziguezagues, o Bicame e outras poucas edificações que lembram o passado imponente. Muitas de suas edificações históricas foram demolidas, como ocorreu com os sobrados da Casa Sales e da casa onde nasceu o Marquês de Sapucai.
Restou o que sobrou das minas de ouro em suas sedes administrativas da parte mais alta e nas benfeitorias de sua área baixa de produção: galerias de túneis profundos, galpões, maquinários hidráulicos do Século 18 e 19, enfim, a história do ciclo do ouro que este projeto imobiliário quer transformar em um museu a céu aberto acessível ao público.
Uma atração turística abarcada de eventos culturais, educacionais e de entretenimento, em meio a um moderno centro comercial e residencial que, com certeza, vai atrair turistas, gente nova para a cidade, de nodo a impulsionar o comércio e a economia, em uma área hoje *morta”. Tombada, preservada, mas não revitalizada e nem visitada.
Mas, infelizmente, tem a miopia conveniente de quem “gosta” de formol e naftalina. Finge gostar, para convencer a maioria de que a sede é como um mausoléu que não pode ser vilipendiado. Tem que ficar tudo como era antes, mesmo que este antes já não exista mais. É a política do atraso. Algo idiossincrático.
Aliás, como disse o meu colega Thiago Carvalho, em um artigo homônimo, trata essa discussão cética de um jogo político mirabolante e teatral, um palanque extemporâneo para tentar ganhar votos dos incautos e atravancar o progresso da cidade.
Eu sempre fui a favor deste projeto desde a sua primeira apresentação, pelo simples fato de acompanhar a evolução dos tempos.
