NÃO ACREDITO QUE O VEREADOR WESLEY DE JESUS É CONTRA O PROJETO DA ANGLOGOLD ASHANTI EM NOVA LIMA. ELE É CONTRA O PREFEITO
Wesley de Jesus durante a entrevista ao Banqueta em Foco sobre a sua posição contrária ao projeto. Foto/Reprodução
Vamos analisar esta polêmica que norteia a Operação Urbana Consorciada (OUC) em Nova Lima no malho. O vereador Wesley de Jesus, do Republicanos, vem batendo nesta bigorna que é o empreendimento imobiliário próximo da Praça do Mineiro, onde se pretende construir um conjunto de prédios residenciais e comerciais em terreno do AngloGold Ashanti, numa parceria com a Construtora Concreto e a Prefeitura.
O vereador se manifestou desde o início contra o empreendimento, mesmo com tudo legalizado. Ele pediu uma audiência pública (uma redundância, porque isso já ocorreu em 2022 quando da apresentação do empreendimento na cidade). O que ele quer, afinal? Palanque, dirimir dúvidas ou simplesmente impedir o projeto pelo simples fato de fazer oposição sistemática ao prefeito João Marcelo Dieguez, para quem perdeu a eleição em 2020 e o tem como o seu principal desafeto?
A impressão que tenho é de que o vereador vem fazendo proselitismo político sofista com um projeto de alta relevância para o município. A população tem que ter consciência disso. Conheço Wesley, o apoiei em 2020 na briga pela prefeitura contra João Marcelo, porque entendia que o Governo Vitor Penido, que o indicou candidato, deveria continuar pelo extraordinário trabalho de recuperação financeira da Prefeitura que estava quebrada.
É um político inteligente, filho de Nova Lima. É, pois, importante para a cidade. Mas vem adotando um comportamento de deslealdade pérfida contra o interesse público neste episódio da OUC. Wesley está com pedra na mão para atacar o executivo em tudo que ele faz, dentro daquela filosofia sórdida do “quando pior, melhor”. Isso não é bom para o seu futuro político.
Catar piolho é fácil. Com conveniência afiada acha-se um punhado de defeito num carro zero e virtudes num Fiat Marea capotado. Cristo foi morto entre dois ladrões. A multidão foi convencida de que Ele era o culpado e Barrabás foi solto. Assim agem os influenciadores de multidões.
Duvido que Wesley age por convicção. Porque é inaceitável a um vereador da cidade ser contra um empreendimento imobiliário que trará modernidade, fomento ao turismo e opção de moradia para os moradores da cidade. Ele fala que o projeto mente no valor dos imóveis, cujo preço calculado é de aproximadamente R$ 400 mil a unidade. Fala em prédios de 10 andares, quando na verdade são de oito, dois são subterrâneos.
O vereador prega impacto ambiental, sanitário e de mobilidade urbana. Ora, o projeto agrega exatamente o contrário de tudo isso. Ele prevê uma barragem de contenção do Córrego do Cardoso, para prevenir inundações no Matadouro. E também a sua despoluição. Quando a questão da mobilidade urbana, está prevista uma avenida larga de mão dupla, com canteiro central e faixa de ciclovia ligando a Praça do Mineiro à Rodoviária e, consequentemente, conexão com a avenida Januário Laurindo Carneiro, que acessa a MG-030, e também à MG-437, que conecta a região Leste da Capital, via Sabará, estrada esta em fase de pavimentação.
A tentar frear este projeto, o vereador está simplesmente condenando a sede (tão criticada pelos seus puxadinhos, ruas estreitas, vielas, ausência de passeios para o trânsito seguro das pessoas e encostas íngremes) ao atraso. O novo empreendimento será construído numa área livre, espaçosa, ociosa e com alternativas viárias ao Ligar a Praça do Mineiro ao Centro.
É preciso ficar bem claro que Nova Lima não é Ouro Preto. O seu urbanismo permite a modernização, como ocorreu na Zona Norte, hoje um orgulho para a cidade pelas edificações pungentes. E quando isso começou, no início deste século, não houve gritaria na Câmara. Pelo contrário. A postura dos vereadores foi de certa forma até muito permissiva, inclusive ignorando a invasão da pista de rolamento da “Seis Pistas”, hoje quatro.
Por fim, a cereja do bolo, que é o Museu Terrestre. Este museu prevê a revitalização de todo o acervo da antiga mina, ainda intacto. Este acervo foi tombado pelo município, mas sem a sua revitalização vai acabar em ruínas. Ainda da tempo de recupera-lo, transformando-o em locais para eventos culturais, tecnológicos, pedagógicos e recreativos.
Não tenho notícia de nenhum museu a céu aberto de minas de ouro no mundo. Aqui em Minas existem alguns de sala fechada, como o da Morro Velho, na Casa Grande; outro em Sabará e também em Ouro Preto. Mas são exposições fechadas, com fotos e alguns mostruários do clico do ouro. O museu proposto pela OUC será o primeiro do mundo, e isso é altamente relevante para Nova Lima que se tornará ainda mais conhecida, não apenas pela modernidade de sua Zona Norte, mas pelo espírito de preservação de sua história focada na extração do ouro de 1834 a 1992.
Portanto, o projeto é extraordinário. Um omelete que compensará, com sobras, os ovos quebrados que nem serão tantos. Quem for contra, é contra Nova Lima, eu não vou me esquecer disso.
