DUPLICAÇÃO DA MG-030 FOI UM PROJETO BÁSICO E MALFEITO DE VITOR E MUITO QUESTIONADO NESTE GOVERNO.

0

Duplicação da MG-030 envolve vários contratos e teve um projeto inicial equivocado no governo de Vitor Penido e muito questionado no atual. Foto/Reprodução

Faz tempos o meu alerta de que este segundo mandato do prefeito João Marcelo Dieguez (Cidadania) em Nova Lima será de cobranças daquilo que ele fez ou deixou de fazer nos seus primeiros quatro anos de governo. Político é como um agricultor: tem o período de preparação da terra, do plantio e da colheita. É nessa hora que saberemos se ocorreu algum erro com a lavoura e se o investimento foi correto.

No campo nem sempre o resultado final depende apenas dos cuidados. Tem as intempéries do tempo, as pragas fora do controle, os defensivos agrícolas –os produtos químicos inadequados, etc. Na política, temos também as intempéries do tempo. Mas o que mais preocupa são AS PRAGAS que, neste caso, surgem em forma de corrupção. Algo corriqueiro no País e que nem sempre está intrinsecamente ligada a uma só pessoa: o prefeito.

As planilhas, aditivos, contratos, licitações, fiscalização da obra, utilização do material, tudo isso pode ser –e quase sempre são –utilizado por elementos de má índole para obterem vantagens numa obra pública. Por isso o prefeito tem que ter, sempre, o controle total e absoluto da situação para não ser eventualmente responsabilizado pelo mau resultado estrutural e financeiro da obra. Os problemas virão, com certeza, resta saber o seu tamanho.

Faço essa analogia para ilustrar os primeiros resultados da principal e mais polêmica obra deste governo, que foi a duplicação de 4km da MG-030 no entorno da cidade. Uma obra que teria custado algo em torno de R$ 130 milhões, segundo cálculo do vereador Wesley de Jesus, principal opositor do prefeito na Câmara. Surgiram denúncias nesta terça-feira, 11, durante a reunião plenária, de que a obra vem apresentando problemas estruturais.

Não me surpreendo com isso. Até porque o projeto desta obra começou todo errado nos derradeiros meses da administração Vitor Penido, em 2020. Na ânsia de colocá-lo no cronograma de obras em pleno ano eleitoral, o prefeito elaborou um projeto básico que exigiria um investimento inicial de pouco mais R$ 30 milhões, colocando-o em execução já à véspera das chuvas.

Claro que isso iria dar merda. Cantei a pedra na época. Participei inclusive de um debate do assunto na Câmara, convocado pela vereadora Juliana Salles, e deixei isso bem claro nos anais da Casa. O correto seria a elaboração de um projeto executivo, de modo a não apenas prever a abertura de mais uma pista de rolamento paralela à existente. Era preciso prever as obras de segurança e de drenagem, como taludes, encostas e gabiões, etc.

Lidar com terrenos montanhosos e rochosos é algo imprevisível. Nunca se sabe o que vem pela frente. Nada disso foi previsto no projeto inicial. Esta batata quente sobrou para o prefeito João Marcelo Dieguez por razões essencialmente político: Vitor queria ser o pai da obra e não haveria tempo de elaborar um projeto executivo desta envergadura, calculado por ele à época em R$ 110 milhões. Deu no que deu. O que parecia fácil, virou um tormento para o novo governo. Quando JM se deu conta de que, enfim, poderia dar prosseguimento na obra, a situação era outra totalmente diferente.

Não quero, com isso, justificar falhas estruturais fora do período chuvoso. Mas estas falhas ocorrem, mesmo sendo uma obra executada com esmero por empreiteiras credenciadas, porque a terra é viva. Ela se move. A natureza não é inerte. As falhas acontecem. O que os vereadores precisam agora é de investigar o que vem ocorrendo e auxiliar o executivo a buscar solução para o problema. A prefeitura tem muito dinheiro. O prefeito está no seu último mandato e não pode errar tanto.

Haverá cobranças!

Mas, independentemente do que teremos pela frente, fica a lição: obras de engenharia de média e alta complexidade precisam de um projeto executivo que busque solução para o problema. Não basta o melhor preço. Aprendi isso com um engenheiro competente e ético. Ele tem razão: JK construiu Brasília em cinco anos e nenhum de seus prédios, avenidas e demais edificações do Plano Piloto deu problema até hoje. Tudo projetado em 1956 e entregue em 1961.

A Ponte Rio-Niterói, construída pelos militares entre 1969 e 1974, à época, a segunda maior obra do gênero no mundo, também foi construída e inaugurada em cinco anos. Nunca apresentou problemas. Certa feita, conversando com o engenheiro Elizeu Resende, um dos cabeças desta obra, ele disse. “Não é apenas o diploma e nem a caixa de ferramenta que precisamos; precisamos é de competência e responsabilidade”. Ele queria ser governador de Minas, mas perdeu a disputa com Tancredo Neves.

About Author

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
× Fale conosco agora!