O LADO PAROQUIANO E INÚTIL DE DETERMINADOS VEREADORES DE NOVA LIMA

Mesa Diretora da Câmara, a mesma da legislatura passada, deu um up grade na administração da Casa, mas os trabalhos legislativos pecam pela subserviência e a piquinês de terminados vereadores. Foto/Divulgação
A Câmara de Nova Lima deu, a partir de março de 2021 até a data de hoje, um salto de qualidade administrativa muito grande. Tanto na gestão do presidente Anisinho, PDT (2021-2022), quanto nos dois mandatos consecutivos do atual presidente Thiago Almeida, do PSD, que começou em janeiro de 2023 e se manteve na direção da Casa na legislatura vigente. Ou seja, a Mesa Diretora é a mesma dos dois últimos anos da legislatura passada.
Houve aumento de 30% no número de vereadores (de 10 para 15), corte da verba indenizatória, aumento na então irrisória subvenção dos vereadores (e que servia de gatilho para a corrupção) e valorização do quadro efetivos, em detrimento dos comissionados que, historicamente, abocanham os melhores cargos e salários, por ocuparem postos de chefia, parlamentar e de confiança. Estranho isso, mas é a lei.
Até aí, tudo bem. Nota mil para os vereadores que apoiaram, de forma efetiva e unânime, todas essas mudanças na administração da Casa. Mas, no que diz respeito aos debates no plenário, que é a atividade fim da vereança, há muito o que desejar. O “espelho meu” e a subserviência de determinados vereadores, em relação ao Executivo, têm prejudicado – e muito – os trabalhos legislativos.
E não é somente isso: o chamado “espírito paroquiano” perdura em vários gabinetes, onde a preocupação do vereador é em agradar a sua comunidade, seja pelo viés populista ou mesmo pela pequinês de sua incapacidade cognitiva de legislar para todos. Um exemplo claro disso, é a despreocupação de muitos com a execução orçamentária dentro das diretrizes traçadas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Entre esses “lapsos” de memória convenientes, incluo a revisão do Plano Diretor, que está parado na prefeitura desde a administração anterior à de João Marcelo Dieguez, sem qualquer cobrança incisiva dos vereadores; a questão da mobilidade urbana, sem a devida assertividade para os casos mais urgentes, e a falta de uma atenção maior para as regiões Noroeste e Norte, que são responsáveis por pelo menos 2/3 da economia do município.
Pergunto: como está, por exemplo, o projeto da avenida no Jardim Canadá para tirar o trânsito pesado da caótica rua Toronto? Em que estágio está esta ordem de serviço? Alguma comissão de vereadores esteve, por acaso, no trecho em obras da MG-437, ligando Nova Lima a Sabará? A Câmara autorizou o prefeito a investir mais de R$ 40 milhões na pavimentação da rodovia. A obra tem que ser acelerada agora na seca, porque a partir de outubro voltam as chuvas.
São muitas as demandas a serem acompanhadas de perto pelos vereadores, mas confesso que não estou vendo eles se preocupando muito com estas obras. O que se vê, no varejo, são requerimentos para atender apelos de lideranças comunitárias e projetos sociais, além das retóricas incontestáveis (a oposição é salutar) e contestáveis, porque reclamar sem sugerir solução ou nada é a mesma coisa.
Finalizando, a impressão que fica nas reuniões ordinárias, é que tem mais vereador preocupado com o “emprego” do que com a cidade. Ora, a vereança não é uma profissão. Um meio de vida. É uma missão nobre que, se bem e exercida, pode se alongar por vários mandatos.