O RESCALDO DO QUE SOBROU DO CICLO DO OURO ROUBADO EM NOVA LIMA.

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Vista dos escombros do pátio operacional da Sant John del Rey Mining Company (depois Morro Velho), no centro de Nova Lima. Foto/reprodução

Não é justo um município do tamanho de Nova Lima, geograficamente maior que Belo Horizonte, não ter para onde se expandir porque 70% de seu território foram tomados pelos ingleses no passado distante na expectativa de achar ouro.

Deixaram um pedacinho de espaço, no entorno das minas, para os mineiros escravizados morarem em lotes minúsculos. Cercaram o resto para impedir o avanço das áreas urbanas sobre o terreno ocioso guardado para futuras prospecções.

Isso vem desde o limiar dos anos 1.800, quando a britânica Sant John del Rey Mining Company aportou na cidade para caçar ouro ao redor da batizada Praça dos Mineiros, onde fica até hoje o pátio operacional das minas e seus galpões gigantes.

Furaram buracos em várias outras localidades para pesquisar o subsolo e também para buscar água através de banquetas e tubos elevatórios ligando as nascentes ao pátio para o beneficiamento do nobre metal.

Tomaram conta de tudo, sem tributação ou qualquer contrapartida para o município. Em 1960 a empresa vendeu “a cidade” para um grupo que criou a Morro Velho com a intenção de continuar roubando ouro e outros minerais, sob a liderança da MBR.

Em 1975, a também britânica Anglo American, se tornou a principal acionista do grupo, para cavar as terras novamente atrás de ouro, até que em 1999 ela passou tudo para a sul-americana AngloGold, que se fundiu com outra empresa estrangeira, acrescento Ashanti no nome.

Em 2003 a mineradora fechou as minas de ouro, ficando apenas com a de ácido sulfúrico aqui mesmo no Vale do Queiroz. Foi caçar mais ouro na vizinhança. Semana passada fechou também a mina de Santa Bárbara, demitindo 650 funcionários.

Aí vem a pergunta: e as terras ociosas, foram devolvidas ao município durante este tempo todo ou viraram espólio destes grupos estrangeiros?

Ficou tudo com a AngloGold Ashanti. Ela é a dona. Perdeu uns pedacinhos, mas vem vendendo a preço de ouro as áreas guardadas para as classe A e B construírem condomínios de luxo. E o povo que se dane com os seus puxadinhos.

Por sorte a Morro Velho, quando foi para a região Noroeste caçar minério de ferro, o bairro Jardim Canadá já havia sido loteado na década de 1950 por um canadense e outro grupo de empresários loteou o Balneário Água Limpa.

Outro terreno grande, à margem da Lagoa dos Ingleses, também já tinha dono e foi parar nas mãos de um grupo que construiu ali e condomínio Alphaville. Não sobrou nada para o município, mas não virou cavas.

As estações ecológicas da região foram preservadas, Deus sabe como. Se o prefeito João Marcelo Dieguez e os vereadores quiserem, dá até para tentar recuperar alguma coisa para o benefício dos moradores, com a revisão do Plano Diretor

O ideal seria desapropriar toda área ociosa para expandir o município, zerar o seu déficit habitacional e promover o desenvolvimento socioeconômico e sustentável da cidade de forma ordenada e justa.

Caneta, papel, dinheiro e motivos não faltam para isso!. Quisera eu ter um tiquinho de poder político para propor esta briga jurídica de cachorro grande para dar mais dignidade aos verdadeiros donos de Nova Lima.

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