O ATIVISMO CULTURAL DE EPAMINONDAS BITTENCOURT

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Advogado, ativista cultural, literário, fotógrafo, pesquisador e ensaísta são apenas algumas das atividades de Epaminondas Bittencourt que expôs alguns de seus trabalhos recentemente no Palácio das Artes. Foto: Wesley Souza

Não sou ativista político, de gênero ou religioso – e nem cultural, por assim dizer. Cada qual tem o traço de sua personalidade e a disposição para se inserir no meio social. Sou apenas um jornalista. Mas confesso que admiro – e muito – os ativistas que contribuem, a seu jeito, para defender as suas convicções.

Falo isso para enaltecer o amigo Epaminondas Bittencourt, que hoje dedica boa parte de sua vida para contribuir com a cultura do nosso Estado e além-fronteira. Ele que é, além de um estudioso da literatura, um fotógrafo refinado daquilo que considera belo e merecedor de nossas retinas.

A qualidade de suas fotos, a P&B, especialmente estas, é de cair o queixo. E olha que já trabalhei com renomados repórteres-fotógrafos do País, não em busca da arte, e sim da notícia, mas a lente de um gênio da fotografia enxerga mais do que a dos incautos observadores a olho nu.

Mesmo militando na política por um bom tempo – ainda a tem no sangue –, o que mais salta aos nossos olhos neste pequeno grande advogado/historiador/ensaísta e atleticano doente, é a sua dedicação à atividade cultural.

Recentemente Bittencourt expôs seus trabalhos no Palácio das Artes, chamando a atenção para a importância de se registrar a nossa cultura literária e fotográfica, reportando alguns nomes, paisagens e ambientes urbanos e rurais –o barroco, principalmente. O cotidiano retratado pelas lentes.

As letras e o barroco. O modernismo, como ele define a sua coletânea, sempre com aquela voz grave que revela a personalidade de quem veio ao mundo não apenas para fazer política ou torcer para o atlético –ou ser um bom pai de família –mas, principalmente, para não passar em branco por este mundo.

Realça, nesta sua exposição, três entrevistas, uma delas sobre o vanguardista Guilherme de Almeida (feita com Marcelo Tápia, dirigente Casa Guilherme de Almeida).

Guilherme de Almeida é natural de Campinas, advogado formado na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, promotor, poeta, prosador, ensaísta, tradutor, crítico literário, escritor, publicitário, dramaturgo e crítico de cinema. Deixou como legado vasta obra cultural publicada.

A seguir, outro conteúdo riquíssimo sobre “A MINEIRIDADE EM HENRIQUETA LISBOA”.

A poeta Henriqueta Lisboa pode ser considerada fonte de expressão da cultura e das tradições mineiras identificadas como valores e modos de relacionamentos na sociedade. Tradições na definição mais ampla que dá à palavra o memorialista e modernista Pedro Nava (1974, p.
114), também mineiro, na sua obra Baú de Ossos:

“[…] Ficaram na terra e fomos ficando mineiros. E tome coito com índia.
E mistura e mais mistura com emboaba, padre, levantino, fidalgo, circuncidado,
escravo da Costa e sequaz de Mafoma – apesar de cada um dos nossos maiores se declarar documentalmente cristão puro – sem liga com negro mouro, judeu“.

Por fim, o expositor nos brindou com MURILO MENDES: A BELEZA COMO ATO DE INTELIGÊNCIA E CONHECIMENTO

Murilo Mendes, escritor e poeta, nasceu em 13 de maio de 1901 em Juiz de Fora-MG, filho de um funcionário público e uma dona de casa. Teve as aulas iniciais de poesia e literatura com o poeta Belmiro Braga. Em 1916, ingressou na Escola de Farmácia de Juiz de Fora.

O poeta permaneceu na instituição por somente um ano, indo logo após para o colégio interno Santa Rosa, em Niterói, RJ. Ao sair da instituição, retornou para Minas Gerais e foi auxiliado pela família para encontrar uma profissão.

Murilo Mendes trabalhou como telegrafista, farmacêutico prático, funcionário de cartório, professor de francês em Palmyra (atual Santos Dumont), antes de se transformar em arquivista no Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro.

Sem conseguir manter interesse por nenhuma dessas atividades profissionais – e com o desejo de seguir a atividade poética, publicou poemas modernistas nas revistas Antropofagia e Verde na década de 1920.

Em 1930, publicou Poemas, primeiro livro de poesias, pelo qual recebeu o Prêmio Graça Aranha de poesia. É desse livro o poema “Canção do Exílio” em que Murilo Mendes constrói uma visão de pátria que antagoniza com o famoso poema de Gonçalves Dias, que lhe serviu de referência.

Vale a pena reler e ver este trabalho grandioso de Epaminondas Bittencourt, até mesmo como forma de compensa-lo pelo esforço em não deixar que a nossa história seja apagada pela memória de quem não a conhece e nem a pesquisou.

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