PROBLEMAS DOS ACIDENTES NA MG-030 É APENAS O RETRATO DE UMA TRAGÉDIA BRASILEIRA QUE NADA TEM A VER COM A ESTRADA E OS VEÍCULOS

0

Duas pessoas ficaram feridas num acidente no Trevo dos Cristais, na segunda-feira, e outra morreu nesta terça-feira, no Trevo da Máquina, ambos os acidentes envolvendo motos. foto/Reprodução Itamar Esposito

A maior causa dos acidentes de trânsito em rodovias, principalmente, não é o excesso de velocidade, mas a velocidade inadequada – a chamada direção perigosa, que é quando o motorista ou motoqueiro age de forma imprudente, acelerando ou desacelerando repentinamente, mudança repentina de faixa, ultrapassagem indevida e manobras estressadas.

A recomendação é seguir o fluxo. Falo isso com base no que aprendi com o então presidente do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), Marcos Luiz da Costa Cabral, em meados da década de 1980, quando se tentou criar no Brasil uma comissão mista de ministérios para estudar as causas do grande volume de óbitos nas estradas, algo em torno de 35 mil/ano. No asfalto, fora os ocorridos posteriormente. Os das áreas urbanas e as mutilações.

O estudo envolvia, além do Contran, o Denatran e a PRF, à época ligados ao ministério da Justiça; os ministérios da Saúde, Economia, Trabalho, a Previdência Social, enfim, todas as pastas que, de uma forma ou outra, tinham a ver com os acidentes e a perda da força de trabalho decorrente dos óbitos e da invalidez. Além, claro, dos gastos inerentes à esta tragédia brasileira que chegou a escandalizar o mundo na ocasião.

O trânsito matava e mutilava mais do que as guerras, como a do Vietnâ que, em 20 anos (1955 a 1975) matou cerca de 1,1 milhão de pessoas. Média de 55 mil/ano, que era praticamente o que ocorria no nosso trânsito. Os números atuais são divergentes. Creio que está bem acima disso, mesmo com as medidas preventivas adotadas nas estradas e nas áreas urbanas. O custo disso passa dos R$ 60 bilhões/ano, juntando todos os gastos previdenciários e perdas de trabalho.

O Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) fala em 45 mil mortes/ano, mas a base de cálculo continua sendo a do asfalto. Logo, pode colocar 60 mil. Um número igual ao do de soldados americanos mortos e desaparecidos na guerra do Vietnã.Algo de fato estarrecedor, sob todos os aspectos. Um recorde mundial, com certeza, que vem, há tempos, desafiando as autoridades.

Infelizmente, o aumento do número de motos, como meio de transporte mais barato, ágil e prático – e a pressa de boa parte de seus pilotos –, desequilibrou a balança. A MG-030, com seu fluxo médio de 15 mil veículos/dia, é apenas mais uma via a registrar acidentes graves decorrentes, repito, da imprudência. É a única rodovia que liga Nova Lima a Belo Horizonte por via asfáltica.

Daí a importância da pavimentação da MG-437,passando por Sabará, com previsão de ser inaugurada no ano que vem. Será uma via alternativa que vai tirar três a quatro mil veículos diariamente da MG-030, mas os acidentes provocados pela imprudência continuarão, porque o problema não está na estrada e nem nos carros, caminhões ou ônibus. O problema mora na cabeça de quem está ao volante ou no guidão das motos.

About Author

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social Media Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
× Fale conosco agora!