NÃO PODE UMA EMPRESA SUL-AFRICANA SER “DONA” DAS TERRAS DE NOVA LIMA

A mineradora AngloGold Ashanti tem sede em Nova Lima onde montou uma imobiliária para comercializar terrenos herdados da antiga Morro Velho para fins de extração do ouro. Foto/Divulgação
A área geográfica de Nova Lima é de 428 km². 70% pertenciam a antiga Morro Velho, cujo espólio foi herdado (não sei como) pela mineradora sul-africana AngloGold Ashanti. A finalidade era explorar minas de ouro. É o que constava na extinto Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), hoje Agência Nacional de Mineração (ANM).
Desde a década de 1990 que a extração do ouro foi encerrada no município. Se a atividade fim foi desativava, a área remanescente ficou improdutiva. Cabia, então, ao município, desapropriar o terreno ocioso. Até porque nem imposto era pago pela empresa. O que se fez? Nada! Deixaram os sul-africanos explorarem a terra no mercado imobiliário.
Tudo errado!
Hoje o município não tem onde expandir, porque está tudo em nome desta imobiliária. Uma boa parte virou Área de Preservação Ambiental (APA). Já a outra parte foi contemplada pelo Plano Diretor para urbanização. Viraram condomínios. Foi o caso do Condomínio Vale dos Cristais, um consórcio entre a AngloGold Ashanti e a construtora Odebrecht.
E assim a sul-africana, que nada tem a ver com Nova Lima, vai tomando conta do município. Outro condomínio, vizinho do Vale dos Cristais, vem sendo construído pela empresa. A cidade tem déficit habitacional, precisa de expandir, mas os terrenos públicos são minguados. Quase tudo nas mãos das mineradoras. Algo tem que ser feito com urgência.
A atualização do Plano Diretor do Município pode corrigir muita coisa. Mas, a caneta do prefeito pode muito mais. Tem que desapropriar as áreas improdutivas, originalmente destinadas à mineração.
Seja a extração do metal nobre e/ou do minério de ferro (MBR/VALE). Uma vez paralisada esta atividade nas áreas antes destinadas a tal, a conversa é outra. Se João Marcelo Dieguez quiser, ele muda esta história. Estou fazendo uma pesquisa nos cartórios, difícil isso, mas vou chegar lá!
Agravante: A AgloGold Ashanti acaba de demitir 650 funcionários na vizinha cidade de Santa Bárbara, por inviabilidade na atividade extrativa do ouro. Fonte: Jornal Estado de Minas. Com a palavra, o Sindicado dos Mineiros de Nova Lima, sobre este assunto e o das terras improdutivas.